Hoje eu fui à missa com
minha esposa. Estava de mente limpa e coração puro, até o padre começar sua
pregação. Como foi infeliz! Falar que educamos nossos filhos de forma errada,
sujeitos ao sexo, às bebidas e às drogas, venerando a luxúria e a carne. Poxa! Que experiência tem este cidadão em
falar sobre criação de filhos? O que ele sabe do dia a dia entre pais e filhos?
Das individualidades? Das incertezas? Da vontade de experimentar o desconhecido?
Dos hormônios circulando? Nada! Só o que lê ou o que falam para ele.
Mudou de assunto. Ainda bem, porque já estava quase pegando
o microfone. Começou a falar sobre “Se dar”, “Doar” ao próximo. Até pensei que
estava falando em fazer alguma coisa boa para alguém, mas não. Estava se
referindo em dar dinheiro, em doar o que ganha, porque o que importa é o Reino
Divino. Estar dentro de uma Igreja, vendo o seu representante falar aquilo, foi
demais. Sei que esta posição é comum na maioria das seitas, mas não aguento.
Para poder falar em doar, precisa existir um exemplo de
doação. Para doar precisa ter aquisição, portanto, utilizando dados do site (Sola
Scriptura), vou discutir um pouco como a Igreja Católica adquiriu
o que possui, porque a fortuna acumulada pelo Vaticano não veio em um pote de
maná. Veio, principalmente, da venda de relíquias, como pedaços da cruz de
Jesus Cristo, negociando indulgências de pecados, amedrontando os fiéis com o
fogo do purgatório, rezando missas pagas e doações de terras na esperança de
vaga no paraíso. Em 1410, o papa João XXIII cobrava impostos dos prostíbulos
contabilizando-os no orçamento do Vaticano. Segundo Döllinger, no livro “O papa e Concílio”, o papa Leão X, no
ano 1518, com o objetivo de restaurar a igreja de São Pedro que rachava, usou
cofres com dizeres absurdos tais como: "Ao som de cada moeda que cai
neste cofre uma alma desprega do purgatório e voa para o paraíso!"
Como podemos observar, além das vendas
de relíquias, outra grande peça no enriquecimento da Igreja foi e é o medo do
purgatório, e só com esse expediente a Igreja Católica recolhe por
dia, em todo o mundo, muito dinheiro. O interessante é que o purgatório não
existia no início do cristianismo, a ideia do purgatório, segundo o Centro
Apologético Cristão de Pesquisas (CACP),
teve suas raízes no budismo e em outros sistemas religiosos da antiguidade. Foi
com o papa Gregório I adicionado o conceito de fogo purificador ao lugar entre
o céu e o inferno, para onde eram enviadas as almas daqueles que não eram tão
maus, a ponto de merecerem o inferno, mas também não eram tão bons, a ponto de
merecerem o céu. Assim surgiu a crença de que o fogo do purgatório tem poder de
purificar a alma dos seus pecados. Por meio de um decreto do papa Sisto IV (1471-1484),
o purgatório começou a ser comercializado, se tornando um dos maiores
oportunismos religiosos. Agora a Igreja possui um ótimo negócio, o "comércio espiritual", a "galinha
dos ovos de ouro da Igreja", passando a ser a única instituição no mundo
que negocia com as almas dos homens. Com
esse dogma a Igreja peca duas vezes e cria um problema de consciência para os
padres: primeiro por oficializar uma inverdade, segundo por receber dinheiro em
nome dessa inverdade.
Mas o ato de tirar bens de seus fiéis não é exclusivo da
Igreja Católica, muito pelo contrário, o comércio em seitas ditas “evangélicas”
é muito comum e descarada. Em um simples vídeo no youtube
encontrei um pastor da Igreja Mundial de Deus cobrando trízimo (???????). Este
pastor fala: “Você vai dizer para Deus:
Senhor, 70% de tudo que me der neste mês de dezembro é meu e 30% de tua obra,
do grande projeto... com os 70% que vai ficar com você, você vai fazer coisas
que nunca fez na sua vida”. Em outro vídeo
encontrei um pastor vendendo 100 gramas de cimento para o fiel conseguir ter a
sua casa própria. Em outro vídeo
encontrei um pastor vendendo água benta por valores que partiam de R$ 100,00
até R$ 1.000,00 e dizia que, com apenas uma gota desta água, você pode
restaurar a sua vida. Interessante é que o pastor que cobra o trízimo escolheu
o mês de dezembro justamente por ter o 13º salário embutido, e o pior, os fiéis,
as ovelhas, “cegos” pela fé, acreditam e doam. Eu posso estar enganado, mas
acho que estas ações vão contra o que pregava Jesus, porque ele expulsou os vendedores e cambistas do templo, por fazerem
negócios na casa de Deus e disse: “A
minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de
ladrões” (Mateus 21: 12-13).
Segundo o jornal Estado de São Paulo (25-2-80) “A Igreja no
Brasil tem um vultoso patrimônio Imobiliário” recebido por doações sem
explicações de como ocorreram, fato observável em todo o mundo, geralmente conseguindo
legados e doações de beatos e viúvas chorosas buscando "absolvição".
Segundo Ernesto Oliveira, no livro “Roma,
a Igreja e o Anticristo”, “O Clero se diz pastores, mas o que são é
roubadores, não satisfeito com a lã das ovelhas bebem seu sangue!". O centro da religiosidade cristã, o
Vaticano é a corte mais suntuosa da Europa, já não se preocupa com migalhas,
aplicam os proventos desse comércio espiritual de tal forma que possuem bancos
próprios, edifícios e fazendas.
Para finalizar, e retornando à missa que participei, pode-se
notar a tendência das religiões atuais nos mesmos moldes históricos. Hoje, a
Igreja faz a sua opção pelos pobres, lutando para distribuir as riquezas dos
outros sem tocar nas suas. Lembro do meu pai que sempre falava quando alguém se
aproveitava de outro: “Você é um amigo
papa-figo. Come o seu consigo e depois vem comer o meu comigo, né?”.
Edson Perrone
Döllinger, J. J. I. Von. O
Papa e o Concílio. Londrina, Editora Leopoldo
Machado. 2002.
Ernesto, L. de O. Roma, a Igreja e o Anticristo.
Apostila do Pr. Lauro de Barros Campos. Campinas, São Paulo. Jornal o Estado de
São Paulo. Noticiários de Periódicos e Textos da Bíblia Sagrada.